Primeira entrevista do blog!!
Todos nós temos a curiosidade em saber detalhes sobre a vida e inspirações de um autor. Imaginem saber detalhes sobre como a autora Kimberly Knight escreveu a série de sucesso B&S?
Mas, para os livros chegarem perfeitos em nossas mãos, há muito trabalho envolvido. E, dentro deste trabalho, podemos evidenciar o processo de tradução.
Hoje trazemos para você um pouco de como é esse processo, as glórias e os obstáculos da profissão, através da entrevista com a linda, fofa, e mega/ultra competente, Cristiane Saavedra.
Ficha Técnica:
Nome: Cristiane Saavedra
Profissão: Administradora. Atualmente trabalha como tradutora literária, preparadora de texto e diagramadora digital.
Idiomas Traduzidos: Inglês / Português
Bia: Cris, conte um pouquinho para nós como foi sua introdução
à profissão de tradutora de livros.
Cris: Na verdade, trabalho como tradutora
literária há dois anos, quando fui convidada pelas minhas amigas da Editora Charme
para embarcar nesse desafio, o qual abracei na hora e serei eternamente grata. Como falei anteriormente, sou formada em
administração de empresas com habilitação em comércio exterior, mas confesso
que nunca exerci a profissão. Trabalhei oito anos em banco, casei e fiquei
quinze afastada do mercado de trabalho.
Bia: Enquanto administradora você tem uma profissão
regulamentada e com reconhecimento. Apesar de vários trâmites existentes para a
regulamentação (corrija-me caso esteja errada), a profissão de Tradutor no
Brasil ainda não é regulamentada. Como você enxerga esse quadro? Em algum
momento tal situação te desmotiva?
Cris: É lamentável e até um pouco desencorajador.
Como eu falei, a oportunidade caiu no meu colo e agradeço a Deus todos os dias
por isso. Mas, sim, conheço algumas tradutoras que são formadas na área, com pós-graduação
e diversos cursos e não são reconhecidas como deveriam.
Bia: Sabe-se que para ser um grande tradutor é preciso muito
estudo e dedicação. E ainda é necessário estar sempre focado em possíveis
mudanças de linguagem e ortografia, enfim, se manter sempre atualizado. Você tem
algum ritual de estudo?
Cris: Ritual eu não tenho. Mas estudo muito.
Normalmente reservo um tempo para estudar, ler e pesquisar... E também no meio
de uma tradução mais trabalhosa, quando a mente cansa e não consigo mais
raciocinar direito (rs) paro tudo e leio. E acredite, às vezes, no meio da leitura,
a solução para aquela minha dúvida que estava me deixando de cabeça quente,
aparece como num passe de mágica.
Bia: O processo de tradução é muito exigente, a meu ver. Quais
as dificuldades que você encontra nessa profissão?
Cris: É trabalhoso sim, mas, muito gratificante. Sinceramente, até agora, não encontrei
dificuldade alguma na profissão. Como eu falei, ela caiu no meu colo. E agarro
com unhas e dentes, todas as oportunidades que me são dadas.
Bia: Encontramos muitas traduções sem contexto, inclusive títulos
que não são coerentes com o enredo proposto no livro. Qual o seu processo para
a tradução do título em si?
Cris: Os títulos dos livros são sempre escolhidos
pela Editora. O tradutor não tem poder algum sobre ele. A única coisa que
podemos fazer, é sugerir. Mas a decisão final é sempre da Editora.
Bia: Meu inglês é o básico dos básicos, quando estudante eu
sentia muita dificuldade nas traduções de gírias. E confesso que me deparo com
muitos livros onde, as que são traduzidas, ficam meio que sem sentido; e
algumas ainda apelativas para o enredo. Qual o cuidado que você tem ao traduzir
tais gírias? Como é esse processo?
Cris: As gírias são realmente um grande desafio
na tradução. A maioria é totalmente diferente da nossa, e, às vezes, até
inexistente. Normalmente, a tradução não faz sentido algum na nossa língua.
Então, cabe ao tradutor, adaptar sem apelar e perder o contexto da história.
Eu, particularmente, faço minhas traduções da forma mais fiel possível,
adaptando-as a nossa língua e sempre buscando clareza e fluidez. Além das gírias, alguns temas também dão
mais trabalho. Se traduzo um livro de luta ou pôquer, por exemplo, tenho que
estudar sobre o assunto e os termos para poder traduzir e adaptar corretamente.
Com isso, ao final da tradução me torno quase expert no assunto. rs
Como eu costumo dizer, tradução é
aprendizado constante.
Bia: Não é segredo para ninguém esse fato, mas temos muitos
livros ainda não lançados no Brasil, que são traduzidos e dispostos em sites e
redes sociais por tradutores anônimos. Já li alguns, me deparei com traduções
péssimas outras ótimas. Você acredita que esse trabalho digamos irregular, uma
vez que a disposição desse material é totalmente sem direitos autorais, pode
atrapalhar o processo de tradução quando o mesmo chega a ser publicado
corretamente?
Cris: Para mim, como tradutora, não faz a menor
diferença de quantas versões existem de um determinado livro. Farei o meu
trabalho da melhor forma possível.
Bia: Já recebeu alguma crítica negativa de algum livro
traduzido? Se sim, como lidou?
Cris: Sinceramente, não. Mas sou aberta a
qualquer tipo de crítica que seja construtiva. Eu tenho sede de aprendizado e
sou cem por cento autodidata. Então, qualquer ajuda, mesmo oriunda de crítica,
é bem-vinda. Eu costumo criar alerta no google dos
livros que traduzo. Gosto de ler as resenhas, mas não para saber opinião sobre
a história. É que alguns blogs postam o que acharam da tradução e da adaptação
do livro e, é isso o que importa pra mim.
Bia: Você me disse que ama o meio literário. Compreendo perfeitamente,
pois também sou apaixonada por ele rs. Até que ponto o amor à literatura
influencia sua vida pessoal e profissional?
Cris: Influenciou e ainda influencia cem por cento. Foi esse amor que me tornou
uma profissional no mercado editorial. E quando não estou traduzindo ou lendo,
estou aprendendo. Ler, é uma constante na minha vida. Hoje, não consigo me ver
trabalhando com qualquer outra coisa que não seja livro.
Não sei quanto a vocês, mas amei saber um pouquinho mais a respeito dessa profissão.
Comentem!! Deixem sua opinião.
Quer entrar em contato com Cris? Não esqueçam que, além de tradutora ela também é preparadora de textos e diagramadora digital. Envie um e-mail para
cris.saavedra.cesar@gmail.com